quarta-feira, 22 de agosto de 2012

As eleições e as teses fajutas


É certo que o que se passa na cabeça do eleitor tem pouco a ver com o que está nas análises de nossos melhores cientistas políticos. Por isso, o mais das vezes, lemos e ouvimos teses absurdas. Não haveria de ser diferente, é claro. Caso as análises fossem mais precisas, não haveria motivo para se fazer campanha – o que pouparia trabalho e dinheiro de muitos candidatos a qualquer cargo pelo mundo afora.

O aspirante a analista político, contudo, não pode se furtar de ler, entrevistar, pesquisar, mergulhar em conceitos, a fim de compreender de maneira um pouco mais nítida o universo que visa descrever e, ainda assim imprecisamente, proferir seus resultados.

Talvez a paixão do momento - época de campanha é também tempo de fervor quase religioso - leve às favas mesmo os exercícios lógicos mais fáceis. Porém, tal como defende o sociólogo Max Weber, ainda se torna necessário o afastamento de seu objeto de análise.

Mas, ainda assim, ausentar-se de si, de sua ideologia, suas paixões partidárias, não é tarefa facilmente executável. Neste sentido, o ensinamento de Weber pode ser até mesmo uma mera ilusão. Aos que, contudo, desejarem afastar-se de teses políticas furadas, é recomendável pelo menos uma aventura no universo da ciência política e dos estudos eleitorais.

Somente dessa maneira se pode fugir à tolice de confundir o índice de rejeição de um candidato com o fato dele ainda ser desconhecido. Ou então chegar à percepção de que o candidato primeiro colocado nas pesquisas, a despeito do início da campanha, permanece com o mesmo índice de intenção de votos. E estas são apenas duas questões a serem relevadas, dentro do universo complexo que é uma eleição.

Por fim, não é preciso se prolongar. A receita é simples, apesar de difícil. Mas, os que ainda pretendem se debruçar no ambiente impreciso da análise política, necessitam ao menos se esquivar das paixões que anuviam a lógica e jogam nas nuvens qualquer dado ou elemento importante. Mesmo que lhes seja desfavorável.