É certo que o que se passa na
cabeça do eleitor tem pouco a ver com o que está nas análises de nossos
melhores cientistas políticos. Por isso, o mais das vezes, lemos e ouvimos
teses absurdas. Não haveria de ser diferente, é claro. Caso as análises fossem
mais precisas, não haveria motivo para se fazer campanha – o que pouparia
trabalho e dinheiro de muitos candidatos a qualquer cargo pelo mundo afora.
O aspirante a analista político,
contudo, não pode se furtar de ler, entrevistar, pesquisar, mergulhar em conceitos,
a fim de compreender de maneira um pouco mais nítida o universo que visa
descrever e, ainda assim imprecisamente, proferir seus resultados.
Talvez a paixão do momento - época
de campanha é também tempo de fervor quase religioso - leve às favas mesmo os
exercícios lógicos mais fáceis. Porém, tal como defende o sociólogo Max Weber, ainda
se torna necessário o afastamento de seu objeto de análise.
Mas, ainda assim, ausentar-se de
si, de sua ideologia, suas paixões partidárias, não é tarefa facilmente
executável. Neste sentido, o ensinamento de Weber pode ser até mesmo uma mera
ilusão. Aos que, contudo, desejarem afastar-se de teses políticas furadas, é
recomendável pelo menos uma aventura no universo da ciência política e dos
estudos eleitorais.
Somente dessa maneira se pode fugir
à tolice de confundir o índice de rejeição de um candidato com o fato dele ainda
ser desconhecido. Ou então chegar à percepção de que o candidato primeiro
colocado nas pesquisas, a despeito do início da campanha, permanece com o mesmo
índice de intenção de votos. E estas são apenas duas questões a serem
relevadas, dentro do universo complexo que é uma eleição.
Por fim, não é preciso se prolongar. A receita é simples, apesar de difícil. Mas, os que ainda pretendem se debruçar
no ambiente impreciso da análise política, necessitam ao menos se esquivar das
paixões que anuviam a lógica e jogam nas nuvens qualquer dado ou elemento importante.
Mesmo que lhes seja desfavorável.