quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O cinema brasileiro, de Surfistinha a Lula












O ano de 2010 será inesquecível para a história do cinema nacional. Pela primeira vez, o brasileiro poderá ver na telona duas histórias peculiares à história do Brasil. Logo no começo do ano, no dia 1 de janeiro, estreia nos cinemas de todo o país Lula, o filho do Brasil. Alguns meses depois, é a vez de O doce veneno do escorpião, filme baseado no livro homônimo de Bruna Surfistinha.

As semelhanças entre Lula, o filho do Brasil e O doce veneno do escorpião são poucas, apesar de muitas. Sim, isso é contraditório, mas explico. Ambos os filmes retratam a vida de dois personagens excêntricos do país. Um conta a história de uma jovem de classe média que decide ser prostituta. Outro relata um pouco da vida de um retirante nordestino, pobre, que decide ser político. Espero que vocês entendam que a similaridade aqui fica por conta do gênero biográfico. Mas há outras analogias.

O filme que relata a vida da jovem paulista recebeu, para sua produção, mais de R$ 3 milhões de reais em renúncia fiscal. Isto é, a verba para a execução do longa foi aprovada pelo Ministério da Cultura e origina-se do pagamento de impostos. No entanto, comparado com o custo do filme biográfico de nosso atual presidente, “O doce veneno do escorpião” não saiu tão caro assim. Lula, o filho do Brasil gastou até aqui R$ 12 milhões de reais, ou seja, quatro vezes mais que o filme da Surfistinha. E a semelhança?, você se pergunta.

Uma das muitas polêmicas que envolvem o filme de Lula é a origem da verba para sua produção. De acordo com a Agência Estado, o longa recebeu verba de algumas empreiteiras, dentre outras grandes empresas ligadas ao Governo Federal. O notável é que essas empresas obtiveram ou estão para obter financiamentos de órgãos federais.

A diferença dentro da semelhança, portanto, é que o filme que retrata a história da hoje ex-prostituta recebeu verbas federais formalmente, dentro da lei. Enquanto Lula, o filho do Brasil, obteve dinheiro de modo bem conhecido por nós, brasileiros: através do famoso jeitinho brasileiro de burlar a lei, ignorando a existência da moral.

Em suma, debruçamo-nos até aqui numa analogia entre os dois filmes, seja por seu caráter biográfico: ambos se basearem em filmes sobre as duas personalidades – sim, o longa sobre Lula é baseado também em livro homônimo, de Denise Paraná. Seja também pela semelhança no ano de estreia e na origem infeliz da verba para suas produções.

Aguardemos, agora, para descobrir qual história comoverá mais aos brasileiros que, direta ou indiretamente, estão pagando pelas duas obras. Qual vida entreterá mais o público, a do nordestino pobre que se tornou político ou a da menina de classe média que virou prostituta? Esperemos para ver se as semelhanças param por aqui.

2 comentários:

Sandro Dantas disse...

vc tem email anderson!
como é mesmo o nome daquele colunista de economia famoso que vc mencionou?

Anderson Oliveira disse...

O e-mail é ander.oliso@gmail.com

E o jornalista de que lhe falei é o Luís Nassif. Veja o blog dele:

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/