A poucos dias de se desvincular do Governo Lula, Dilma Rousseff ganhou um importante elemento para utilizar em sua campanha, o Programa de Aceleração do Crescimento 2. O projeto, um pacote de investimentos da ordem de 1, 59 trilhão de reais, vem para trazer à candidata petista o mesmo impacto que o Plano Real trouxe ao então ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, em 1994. Levado à mídia enquanto seu antecessor, o PAC 1, atingiu apenas uma ínfima parte do que era previsto, o PAC 2 é fruto da sabedoria das boas cabeças do Partido dos Trabalhadores, que afirmam ter sido o Plano Real o verdadeiro responsável pela vitória de FHC sobre Lula naquele ano.
Se à época o petista tinha imensa vantagem sobre o então desconhecido candidato tucano, o Plano Real cuidou de dar notoriedade a este. E o PAC, com o mesmo apelo do Plano Real, é a aposta petista para transferir algum prestígio a Dilma Rousseff que, assim como o tucano em 1994, estava atrás nas pesquisas. Em 1994, como se sabe, o projeto funcionou, e Fernando Henrique ultrapassou e venceu Lula nas eleições presidenciais. Todavia, o Plano Real estava longe de ser o fiasco que é o Programa de Aceleração do Crescimento.
Elaborado pelo recém-chegado chefe do Ministério da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, junto a vários economistas da PUC/RJ, o Plano Real foi o maior pacote econômico já feito no Brasil. Num contexto de inflação recorde, onde a população sofria constantemente com a alta no preço dos alimentos, o projeto logo se tornou um sucesso e, em poucos meses, reduziu substancialmente a inflação. As medidas implantadas pelo pacote econômico tiveram importante influência no mapa social brasileiro, tirando milhões de brasileiros da miséria – quase 20% da população, segundo a Fundação Getúlio Vargas.
Os efeitos do Plano Real tiveram reflexo no bolso dos brasileiros e foram sim, em parte, os responsáveis pela vitória de Fernando Henrique sobre Lula e o PT – que a todo o tempo se opuseram ao projeto. Através do Plano Real, FHC se tornou o homem mais forte do governo Itamar Franco, que não deixou de vicejar seu apoio pela candidatura à presidência do ministro responsável pelo pacote econômico que pôs, finalmente, o Brasil no rumo do crescimento econômico.
Contudo, excetuando-se a ambição, o PAC está longe de apresentar os mesmos reflexos trazidos pelo Plano Real. Nem a metade da primeira etapa do programa foi concluída. Nos planos do Programa de Aceleração do Crescimento 2 estão investimentos em energia, habitação e transportes. Dando certo, o projeto trará maior independência energética ao país e melhorará toda a infraestrutura de transportes.
Mas, a julgar pelos inúmeros problemas do PAC 1, o PAC 2, por sua ambição, será uma mera peça de campanha para Dilma Rousseff. A candidata de Lula, e mãe do PAC, diferentemente do candidato de Itamar em 1994, e pai do Plano Real, terá de demonstrar muito mais aos brasileiros que obras superfaturadas, mal-acabadas e com atraso.
O Programa de Aceleração do Crescimento, por tudo que nos apresentou até o momento, está longe dos reflexos sociais e econômicos do Plano Real e dificilmente ancorará a campanha da candidata do PT. A boa ideia de dar a Dilma Rousseff o mesmo que Fernando Henrique e sua equipe deram a si mesmos não passa disso: uma ideia.
Um comentário:
É velhão, a semelhança é meramente ilustrativa. Plano Real foi algo mais complexo, (dentro do contexto geral) mais importante e principalmente, muito melhor elaborado!
O PAC poderia funcionar sim, se eles tivessem captado os recursos e analisado os pontos de impacto primeiro. Mas convenhamos, estas ações não estariam completas até as eleições, que afinal, além de qualquer moradia ou rede elétrica, é o grande objetivo.
PAC já começou se arrastando, ponto para o PSDB! Mas o que Serra fez em São Paulo, gastando uma boa grana pública em obras de curto prazo, como pavimentações e afins, sem analisar o risco a longo prazo, também é a típica “ação para eleição”.
Não a salvos neste meio, é assim que funciona o sistema: Sem planejamento mas com glamour.
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