Creio que poucas obras refletem tão bem a atualidade como os filmes Crepúsculo e Lua Nova. Do primeiro, não tenho porque me queixar, pois não o assisti. Infelizmente, o mesmo não me aconteceu com o segundo. Fui induzido a cometer o tão insidioso ato de assisti-lo em nome da boa relação humana. Lua Nova agora vai ser o meu pesadelo de 2009. Quando lembrar-me desse ano algum dia no futuro, lembrarei do quanto o mundo já estava corroído por obras superficiais e baratas como o referido filme.
O grande problema, devo salientar, não é especificamente com Crepúsculo, Lua Nova e os outros filmes da série que ainda serão feitos. Obras como essas existem várias por aí, algumas até mesmo com atores, direção, fotografia e roteiro piores. Sei que parece impossível, mas existem sim, basta assistir aos filmes exibidos na TV Globo. O assombroso nessa série de filmes pueris baseados em livros de uma tal Stephanie Meyer é o grau de arrebatamento que ela suscita na sociedade.
Há meses não se fala em outra coisa em universidades, bares, lares e estaleiros. Fala-se de um “casal perfeito”, da beleza dos protagonistas e outras coisas fundamentais às pessoas de pouco juízo. Mas o que é, afinal, Lua Nova?
Quando pensei que tivéssemos deixado para trás esse cultivo infantil a lendas de vampiros e lobisomens, eis que essas antigas histórias ressurgem para ilustrar o amor de Bella e Edward. E, como se não bastasse, insinuando o amor impossível de uma humana por um vampiro, remetendo conscientemente à história de Romeu e Julieta – o livro de Shakespeare aparece no filme para ilustrar essa semelhança.
Lua Nova é, sem dúvida, um filme que retrata bem nosso tempo: a superficialidade e a fantasia redimindo-nos da dura realidade cotidiana. Pão e circo – nunca usei essa expressão, mas aqui ela é válida. Pensando assim, o filme tem lá seu valor.
Para os apaixonados por cinema, no entanto, fica a sensação de fim do mundo. Ninguém sabe ao certo nem a qual gênero pertence Lua Nova. Afinal, é romance sem ser romântico, é suspense sem ser um Hitchcock, é drama sem comover ninguém. Mas atrai o público como dinheiro.
5 comentários:
Penso que a saga Crepúsculo é feita para crianças, adolescentes e adultos apenas para entretenimento e descontração. É uma ficção apenas por ficção, nada mais. Não acredito que o autor perderia seu precioso tempo fazendo uma crítica à 'Bela e a Fera'. Afinal, sua diversão não precisa ser igual a dos demais. É apenas mais um livro transformado em filme, assim como Harry Potter, Senhor dos Anéis... não vejo 'Pão e Circo', afinal, as bilheterias de cinema e as livrarias são tão caras que não permitem que toda a sociedade tenha acesso ao seu conteúdo, muitas vezes banal, outras não. Aceito esse jargão para novelas, mas não vejo a indústria cinematográfica hollywoodiana, descente ou não, sendo discutida em pontos de ônibus e escolas públicas de primeiro e segundo grau.
Acho sua crítica construtiva no ponto de vista de produção de filme, mas acho que não se encaixa nos problemas da sociedade.
Sabe, não repugno Crepúsculo, porém não vejo motivos para cultuá-lo, conceituo-o apenas como indiferente.
“Falem bem ou falem mal, falem de mim” - O grande problema da mídia é enfatizar em demasia os problemas e esquecer-se de expor as possíveis soluções. Ao acoimar Crepúsculo, estamos apenas aguçando os leitores a assisti-lo, por pior que o julguemos a curiosidade tende a ir para o caminho mais movimentado, afinal para se falar mal de Crepúsculo é preciso tê-lo assistido.
Tomara que sua próxima crítica cinéfila seja de um bom filme, de um grão de trigo em meio ao joio, pois de ouvir falar, em universidades, bares, lares, estaleiros e blogs, sobre Crepúsculo e afins já estou cansado.
(http://insignificantemundo.blogspot.com/2009/12/sonhos-cotidianos-e-o-fantastico-mundo.html)
Abraços,
Alessandro
Olá,
A minha vontade ao escrever sobre esse filme era, a princípio, de fazer uma analogia entre a contemporaneidade e filmes como Harry Potter e a saga Crepúsculo. Mas essa não é tarefa das mais fáceis, pois é necessário maior embasamento, para não se incorresse no risco de uma análise superficial que se pretende profunda.
Portanto, preferi falar da sensação que ficou: que tipo de filme é Lua Nova e como um filme tão fraco em tudo (muito pior que o Harry)pode fazer tanto sucesso?
Obrigado!
Um artigo um tanto quanto polêmico ainda mais para quem é fã da saga.
Os que mais me surpreende na questão dos filmes importados são que eles acabam tendo uma influência monstruosa para a nossa nação.
Assisti aos dois filmes, não fui obrigado, na verdade queria assistir para conhecer, porém "crepúsculo" eu achei um lixo, se o Conde Drácula assistisse ao filme morreria de vergonha. Já "Lua Nova" teve um efeito um pouco mais agradável na qual existiram conflitos e um pouco mais de drama. O tal Edward quase nem aparece no filme. Até achei bom, pois eu curto os CANIS LUPUS. Também não acredito ser um problema para a sociedade. Qualquer filme que seja, será voltado ao lucro. Talvez o que possa incomodar aqueles que não gostam dos filmes, é a relação custo/beneficio, na qual se paga um preço na qual não foi prazerosa.
Abraços
temdetudoecap.blogspot.com
Também tentei falar sobre o assunto, esta no meu blog:
http://insignificantemundo.blogspot.com/2009/12/sonhos-cotidianos-e-o-fantastico-mundo.html
Gostaria de saber sua opinião!
Abraços,
Alessandro
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