domingo, 11 de abril de 2010

A vida como ela é, no Rio


Por Victor Chimenez


Dona Aparecida vê o que restou da sua casa e lamenta: - Meu Deus do céu e agora o que será da minha vida, perdi meus móveis, perdi minhas roupas, meu sustento, perdi a dignidade.
Esse é apenas um exemplo de tantos outros de uma cidade onde o caos tomou conta. Rio de Janeiro, cartão postal brasileiro, inspiração de tantas músicas, inclusive de Gilberto Gil, que cantava que a cidade continua linda, hoje é um retrato da falta de infraestrutura e abandono por parte da administração pública.
O resultado é evidente, com essas chuvas que causaram mais de cento e trinta mortos, a cidade do Rio de Janeiro mostrou o seu outro lado, o lado da tristeza, da falta de bom senso e comprometimento de suas autoridades.

O Rio de Janeiro que representa treze porcento de toda a riqueza nacional, uma cidade com suas belezas exuberantes, a capital do petróleo e do gás natural, e sede das Olimpíadas de 2016, hoje sofre, sofre como se fosse uma cidade pequena sem perspectiva de desenvolvimento, sem perspectiva de futuro, um futuro assustador, um futuro que assola e está presente em cada bairro, em cada casa que desaba com a chuva que não tem data e nem hora marcada.

Uma cidade como o Rio de Janeiro sofre por ser uma cidade que não se preocupou em investir em infraestrutura e hoje ainda pensa em sediar jogos olímpicos. O Rio de Janeiro não aprendeu que ainda precisa cuidar da segurança, precisa cuidar de saneamento básico, precisa ajeitar seu sistema de transporte e modernizar o seu sistema urbanístico.

O resultado disso tudo é patente, o Rio de Janeiro hoje parece um amontoado de morros, um amontoado de pessoas que amontoadas pedem ajuda e desesperadas pedem um lugar ao sol.

É... o Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro sendo... Sendo uma capital que ainda não amadureceu como metrópole, ainda não acordou e ainda sonha em sediar os jogos olímpicos com competência e esplendor. Infelizmente, enquanto a administração pública pensar assim, o povo carioca continua assim, abandonado, desassistido e vivendo de sonhos.


* Dona Aparecida é um personagem fictício, uma ilustração, numa história que, infelizmente, é real.

Um comentário:

Sandro Dantas disse...

É caro amigo, o Rio, infelizmente é um dos maiores exemplos brasileiros de falta de infra-estrutura. Mas a administração pública que peca mais por omissão do que por qualquer outra coisa é só um dos réus a ser julgado.
Favelas não deveriam existir. São locais impróprios de construção, excluídas de sistemas LEGAIS de saneamento básico, energia elétrica, telefone e afins. Por mais que defendam sua auto-ignorância, os moradores destas grosseiras moradias sabem muito bem o quão perigoso é a vida ali. Infelizmente não veem outra opção, não veem, não quer dizer que não existem.
E nesta contínua falta de ação mútua, mais Donas Aparecidas choram o leite derramado.