Textos sobre política, cultura, economia e esportes. No geral, assuntos oriundos dos cadernos de jornais. No entanto, reservamo-nos o direito de viajar a outros mundos.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
O nome disso é liberdade e capitalismo
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
O que não foi feito
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Até quando esse atraso?
A privatização entrou no cenário político brasileiro no começo da década de 1990. O inchaço do Estado, a ineficiência administrativa das estatais, aliados a uma dívida crescente do poder público fez com que finalmente se analisasse a viabilidade de modernizar o aparelho estatal brasileiro. A venda de instituições falidas, que pouco ou nada rendiam aos cofres públicos, enxugaria o governo, permitindo que focalizasse áreas de maior importância e ainda renderia verbas para abater em dívidas.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Por um pouco de ética no voto
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
O horror do nosso vazio
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
O difícil trabalho de conviver na democracia
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Para relembrar FHC
Demorei anos para compreender aquela época. Os jornais davam conta de uma mudança, da promessa de um futuro melhor para todos os brasileiros. Eram homens, números, dinheiro. Era a política e a economia, duas “palavras” tão desconhecidas ao menino ainda semi-analfabeto, que mudavam.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
O labirinto de todos os nomes
Sempre que refleti sobre a labuta incansável de um escritor, e seu diálogo incessante com as palavras e a imaginação, labirintos de todos os tipos e cores emergiam como que respondendo à indagação que, ou eu não ousava, ou procurava afugentar de meus pensamentos. Escrever e imaginar paisagens, cenas, vidas existentes apenas na imaginação e na folha de papel, coisas que as palavras fazem nascer e agir. Os labirintos que se esboçam na cabeça de quem escreve, sozinho com sua máquina de escrever, parecem ser o desígnio de um escritor, como foi o de José Saramago.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
“A oposição venceu”, o eleitor talvez
As palavras entre aspas acima, do deputado federal João Almeida, líder do PSDB na Câmara, retratam bem o modus operandi de nossos representantes no legislativo. Após uma noite conturbada de votações na Câmara dos Deputados, o governo federal sofreu duas derrotas: o aumento aos aposentados acima do previsto pelo executivo (pedia-se 6,14%, aprovou-se 7,72%) e a extinção do Fator Previdenciário. Ambos, juntos, representam um rombo nos cofres públicos no valor de R$ 5,6 bilhões ao ano. No discurso do líder da bancada do PSDB, as votações terminaram com uma vitória para os opositores do governo.
Deve-se a votação do fim do Fator Previdenciário, criado por Fernando Henrique Cardoso em 1999, a uma emenda do deputado do PPS de Santa Catarina, Fernando Coruja. Dos 47 deputados tucanos, 6 votaram pelo fim do fator. “Uma irresponsabilidade fiscal”, nas palavras do deputado Arnaldo Madeira, um dos membros do PSDB a votarem contra a emenda. No PT, a maioria votou pela manutenção dessa lei. Pôde-se ver nas duas votações, ainda, que o liberalismo econômico do DEM não é tão inabalável assim: o partido apoiou o aumento acima do previsto para os aposentados e a extinção Fator Previdenciário.
Não é preciso um olhar especializado, nem tampouco acompanhar muito o Congresso, para notar que a mesma irresponsabilidade que permeava o PT nos anos em que foi oposição determina há alguns anos as ações dos opositores do governo Lula. O Partido dos Trabalhadores, que votou contra o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal, agora sofre com o revés dos partidos aos quais fazia oposição. Desse modo, somente com a ampla base de aliados que conseguiu montar, tanto na Câmara quando no Senado, Lula pôde ver seus trabalhos quase sempre aprovados – mesmo que de forma escusa, basta lembrarmos o “Mensalão”.
Assim, erige-se uma questão dessa batalha partidária: o que ganha o Estado e, consequentemente, o eleitor? Como afirmou o deputado tucano, Arnaldo Madeira, os deputados que extinguiram o fator previdenciário nem sequer calcularam os custos dessa ação para os cofres públicos.
Desde a criação do Fator Previdenciário, que impede a aposentadoria precoce dos trabalhadores ao exigir tempo de contribuição (35 anos para os homens e 30 para as mulheres) ou idade (65 para homens e 60 para mulheres), foram economizados mais de R$ 10 bilhões de reais. Essa iniciativa, como se vê, impediu que a Previdência Social falisse tendo os gastos com o pagamento de aposentados acima do recebido com a contribuição dos trabalhadores na ativa.
A existência da oposição política é a garantia de uma democracia. Todavia, essa oposição deve trabalhar com responsabilidade, abstendo-se de ações que coloquem em risco a própria democracia ao colocar suas instituições em colapso. A aprovação não pensada de duas ações que incidem negativamente nos cofres públicos coloca em questão os limites da oposição política. O modus operandi do sistema político difere-se do esportivo. A política não é um jogo onde o adversário tenta impedir o outro de efetuar seu match point. Esta semana, o governo Lula não perdeu, nem a oposição ganhou. Perdemos todos.
domingo, 11 de abril de 2010
A vida como ela é, no Rio
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Era para ser o Plano Real do PT
sexta-feira, 26 de março de 2010
quinta-feira, 11 de março de 2010
E quando chegarem os comunistas?
Nos últimos dias um fato pitoresco foi descoberto pelos que tentam excomungar os irmãos Castro e sua ditadura na ilha de Cuba. Numa foto, ao lado de Lula – sim, nosso presidente – Fidel Castro trajava um confortável agasalho da Nike, a poderosa empresa norte-americana odiada pelos socialistas. Graças à imagem também se podia ver a imponência da residência castrista, com seus jardins e uma majestosa piscina. Gracejos, dos quais não duvido, ainda dão conta de que o socialista Fidel trafega pelas ruas cubanas fumando seu nativo charuto a bordo de um luxuoso automóvel alemão de nome Mercedes-Benz.
Não conheço a pequena ilha. Desde pequeno apenas ouço rumores de que no lugar ditadura e felicidade paradoxalmente conseguem coexistir. Pessoas que se vestem de vermelho me disseram que lá as escolas cubanas ensinam e o sistema de saúde funciona, além de inexistirem males capitalistas como a miséria e, consequentemente, a criminalidade. Por outro lado, dizem as más línguas, uma ditadura que censura, prende, mata e joga inimigos políticos no calabouço impera na ilha dos Castro.
Mas não entro nesse debate, não é meu desejo aqui. Prefiro remeter esse assunto a um pequeno e maravilhoso livro que li na adolescência: A revolução dos bichos. No decorrer da narrativa, os animais de um sítio revoltam-se contra seu senhor e conquistam a tão sonhada liberdade. A utopia socialista finalmente imperaria naquela terra onde a vontade de um homem era a lei. Todavia, curiosamente, alguns animais cuidaram de tomar para si os frutos da produção. A eles agora cabia o dinheiro e o poder, e ao povo (os outros animais) canga, aguilhão e feno – parafraseando citação atribuída a Voltaire.
Não quero dizer que isso se dá efetivamente em Cuba, pois pouco sei das reais condições do povo de Fidel Castro e seu irmão. Dizem haver por lá muito mais igualdade que em um país capitalista como os Estados Unidos. No entanto, como a lógica é uma ciência muito pouco aplicável ao caso ideológico, refuto a ideia de discutir os contrastes populacional e territorial entre os dois países.
Para terminar com mais uma graça, remeto agora a outra obra. Trago aqui um fato conhecido pelos habitantes da antiga e colossal URSS, contada pelo magnífico José Guilherme Merquior em A natureza do processo. Diz o pensador brasileiro que certa fez o apparatchiki – ou membro do Partido Comunista – Brejnev fez um convite à mãe dele para conhecer sua casa de campo. E assim ele mostrou à senhora os móveis luxuosos, o iate, a frota de automóveis, etc. Após o jantar, o homem que chegou a presidente da União Soviética indaga à senhora: “Mamãe, que tal? Seu filho até que venceu na vida, não foi?” Ao que a velhinha responde: “Sem dúvida, querido Leonid, estou muito impressionada. Mas me diga uma coisa: e quando os comunistas tomarem o poder, como é que você vai se arranjar?”.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Governo vs. Imprensa: Por que ninguém se entende?
Bem antes que se acometesse em mim o desejo peculiar de ser jornalista, muitos no Brasil já se debatiam na dicotomia acerca dos limites da liberdade de expressão. Ou melhor, até que ponto essa garantia de nossa Constituição atenta contra a própria Constituição. Esse debate traz à memória declaração do presidente da Bolívia, Evo Morales, para quem a exagerada liberdade de expressão é um empecilho para seu governo e seu país.
O grande problema no que tange a esse tema, no entanto, é a impossibilidade do diálogo entre os grandes meios de comunicação, o poder público e a sociedade. Afinal, quem são os verdadeiros representantes de seu povo – relembrando o questionamento feito pelo presidente do Senado, José Sarney: a classe política ou a imprensa? Mas não é essa a discussão que trago aqui. O que me comove nos últimos tempos, e esse novo Plano Nacional dos Direitos Humanos vem aguçar ainda mais, é essa relação de ódio e debate à distância entre as três esferas sociais.
Em suma, enquanto a sociedade parece não saber ou não querer entrar na contenda acerca do conteúdo ou do modo de produção e transmissão do produto midiático, o poder público toma para a si a discussão – e a Confecom não ajudou nesse debate, devido à ausência dos grandes veículos de comunicação –, enquanto a imprensa esperneia acerca das pretensões de mudança em seus serviços, acusando o governo de querer ressuscitar o "monstro da censura".
Silêncio, a melhor resposta
Como se vê, não há a previsão de um debate que envolva todos os interessados nessa questão e, assim sendo, toda e qualquer proposta que se valha da alteração da programação televisiva soa como um ato de imposição arbitrária. Digo da televisão, pois é esta a que mais tem gerado conflitos no debate, apesar de parecer que os veículos impressos – nada afetados pelo último PNDH – são os mais insatisfeitos com as iniciativas do governo de alterar o modus operandi midiático.
Em meio a esses conflitos, perde a sociedade, que se vê indefesa ante as infindáveis querelas entre imprensa e governo. E, assim, surge a questão: há, sim, uma predisposição do poder público em censurar jornais, rádios e televisões, ou isso não passa de uma mera falácia por parte da imprensa, por não querer rever seu conteúdo? Por enquanto, sem respostas, permanecemos embasbacados ante uma possível censura e um notoriamente pífio conteúdo midiático.
O que se pede é que o debate não seja um mero disseminador de senso comum. Precisamos, sim, de um maior conteúdo sócioeducativo por parte desses que têm para si uma concessão pública. Todavia, os mecanismos para se medir a qualidade de uma programação devem distanciar-se de prerrogativas político-partidárias – o que seria duvidoso com nosso atual governo.
E, assim, trago novamente a questão suscitada por José Sarney acerca de quem é verdadeiramente o representante do povo. O silêncio da sociedade talvez seja a melhor das respostas.
Por Anderson Oliveira
*Texto publicado no Observatório da Imprensa em 02/02/2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Mundo desumano: aonde anda a razão?
Dos primeiros passos do homem na lua ao desastre no Haiti, um espaço de décadas denota os muitos avanços da humanidade, mas sempre em contraste com fatos que nos mostram a eterna miséria em que vivemos. Não falo da miséria da fome, pois esta não acomete a todos os homens, mas da penúria da razão, do pensamento. Ou seja, trato de nossa indigência e vazio intelectual.
A tragédia que ocorreu dias atrás no Haiti me faz cometer a blasfêmia de duvidar da razão. Sim, estariam absolutamente errados os positivistas franceses e até neopositivistas, como o italiano Norberto Bobbio e o brasileiro José Guilherme Merquior. Em verdade, a razão não existiria, é uma mera utopia peculiar ao que Freud poderia chamar de um infeliz sentimento de superioridade do homem.
Pois sim, a razão deveria nos levar a um progresso constante, em busca de um viver mais harmônico, sem que se recaia em fantasias como as de Thomas More. No entanto, como essa mesma razão pode nos sonegar uma realidade tão acabrunhante quanto a miséria em um país tão miserável como o Haiti? E pior, como a ciência, irmã da razão, pode levar-nos à lua, refutando a existência de um traço tão patente de nossa pobreza? E, em suma, como o progresso distancia-se de si mesmo em tão alarmante medida?
A essas perguntas respondo com um prosaico e pífio “não sei”. Em verdade, essa é a grande essência dessas linhas: um singelo não saber, que exemplifica a leviandade do homem em relação ao Haiti, à África ou à miséria em todos os cantos. Realmente não sabemos como agir, ou, simplesmente, esquecemos. Todavia, ao pensar assim, através da imagem da bondosa brasileira Zilda Arns, vitimada pelo terremoto nessa pobre ilha na America Central, noto que nem todos se esquecem de como agir.
Dona Zilda, como concluiu bem Eliane Catanhêde, é um retrato de tudo aquilo que desejamos ser, mas acrescento: nunca seremos. No entanto, a médica e sanitarista, ao ajudar milhões de crianças em todo o mundo, quem sabe não guiara-se em nome apenas da razão, mas também do amor. Ou, como ouvi de um professor meses atrás, buscou o que ele tenta arduamente conseguir em seu dia-a-dia, que é não agir egoisticamente, como já estamos habituados a viver.
O descaso dos países ricos em relação aos países pobres, e até mesmo dos governantes destas nações com seu povo, denotam o ridículo de nossa existência. Na verdade, uma existência em nome do dinheiro e do poder, não do progresso. E mais, reitera o quanto somos egoístas.
Como podemos chegar à Lua, Marte e Plutão, se somos incapazes de garantir ao vizinho do lado o mínimo necessário para sua sobrevivência na Terra? A razão deve nos levar a um progresso completo, de modo que todos possam partilhar dos sabores deste mundo. Por assim pensar, soam ridículos os passos de Neil Armstrong em nosso satélite.
Assim como beira o grotesco a destruição e a miséria no Haiti.
O que fica é que talvez nossa miséria não seja fruto apenas da inexistência da razão, mas da carência desse amor que era tão comum em Zilda Arns. Ou, se não há amor, quem sabe então seja reflexo de nosso cômico egoísmo.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
O espetáculo da imprensa e a corrupção do cotidiano
O dia-a-dia de nossa imprensa parece demarcado pelo apocalipse da corrupção política. Talvez nunca tenham sido veiculadas tantas denúncias de corrupção como nos últimos cinco anos. As notícias de falcatruas de nossa classe política viraram o grande elemento de constituição de jornais e revistas. Por trás dessa pandemia tresloucada, interesses de todas as espécies: poder, dinheiro, ideologia, etc. Ou, quem sabe, o tom dado pelos jornalistas acerca da corrupção política seja apenas uma forma de retaliação ante a impunidade e o silêncio dos cidadãos. Mas, de qualquer modo, tais excentricidades perpetradas por nossa mídia podem acarretar em uma visão negativista e também apocalíptica da população em relação à política.
Não podemos medir as influências da imprensa no cotidiano dos cidadãos. No entanto, conceber que o negativismo imposto por nossos jornais e revistas influencia pesarosamente nas ações das pessoas não é nenhum desvario. Como bem afirma Contardo Calligaris (A armadilha da corrupção, 03/11/2005, Folha de SP), a imprensa, mesmo fazendo o que deve fazer, que é publicar o que ela descobre, acaba por incutir em seus leitores o lugar-comum de que todos são corruptos. Isso os inibe, segundo o psicanalista, em sua capacidade de agir.
Todavia, além do crescente espetáculo em cima da corrupção impetrado pela imprensa fazer com que os cidadãos criem certa repulsa pela política, ele é capaz de influenciar as pessoas a construírem determinadas formas de retaliação. O famoso jeitinho brasileiro, bem sabemos, é capaz ser esticado ao ponto de extrapolar com a moral. Assim, as inúmeras e corriqueiras ações dos cidadãos em seu dia-a-dia, sejam através de sonegação de impostos, de compra de produtos pirateados, de oferecimento de propina a funcionários públicos podem ser uma forma de contrapartida às ações ilícitas de nossos políticos.
Segundo antropólogos, o “jeitinho brasileiro” é uma espécie de refúgio ou saída que a população encontrou para sobreviver no Brasil. Isso oriunda dos tempos em que o país era colônia de Portugal, quando nossos índios tinham que ser hábeis no trato com os portugueses a fim de garantirem sua sobrevivência. E, hoje, é uma forma de se sustentar ante políticos e empresários.
Resta saber quem são os verdadeiros culpados, ou melhor – como, juridicamente, todos o são – quem são os precursores do sentimento de corrupção generalizada. Isto é, em um país como o Brasil, onde os políticos, os empresários e os cidadãos cometem atos ilícitos, quais são os responsáveis pela corrupção, ou, quem influencia mais essa pandemia cíclica e corrosiva.