A mulher refletia há alguns minutos. Parada ela olhava para cima, logo depois descia, avaliava seu sapato novo, seu jeans que acabara de sair da loja. Sua vida havia mudado. Era nisso que pensava. Sem dúvida essas eleições foram as que deram os melhores frutos a ela. Lembrava da cesta básica, da TV - que não era 29 polegadas, mas podia transmitir a novela – havia também a bicicleta de seu filho, o emprego de sua filha. Junto a isso o liquidificador, as prestações atrasadas da geladeira nova, as contas pagas. Ela sorriu ao lembrar das onze coisas que conseguira arrancar de onze, dos doze candidatos a vereador de sua cidade.
Dona Maria, como era conhecida em seu bairro, era uma mulher honesta, trabalhava de doméstica para poder sustentar seus nove filhos. Filhos que colaboraram muito na conquista de todos esses presentes acima. A mulher estava feliz com tudo isso, mas algo a incomodava muito: o décimo segundo candidato, esse não a subornou. Bem que ela havia tentado, foi em sua casa, expôs os 11 votos que ele conseguiria se desse a ela um fogão novo, mas nada. Sem desistir diminuiu a exigência, o gás do mês, isso ele não poderia negar, porém o homem recusou novamente. Irritada, a mulher se pôs a xingar, armou um barraco, sentiu-se ofendida, não adiantou. Ela pensava nisso, ali, de frente para aquela máquina com teclas de 0 a 9, com um “confirma”, um “corrige” e um “branco”.
Mudando o apoio de uma perna para outra, a mulher, voltou ao passado, bem antes de ter se vendido a políticos inescrupulosos e normais. Ela lembrou de sua vida sofrida, da fome de seus filhos, do quanto seu marido trabalha para colocar menos de um salário mínimo dentro de casa. Ela viu a cena, uma lágrima invadiu seu rosto seco e coberto de rugas de idade e de sofrimento. Não queria só aqueles presentes momentâneos, queria uma vida e isso aqueles onze ordinários não prometeram a ela. Era o momento de se decidir, a fila para a votação já estava grande, todos chiavam.
No caminho para casa veio cheia de si, estava orgulhosa de ser como é. A mulher ansiava pelo resultado, tinha quase certeza que seu 12° homem iria vencer. Ele sim, pensava ela, não tentou me comprar com presentes fugazes, esse é honesto. E dona Maria viveu feliz. Naquelas eleições acertou, o 12°, o que não a subornou, venceu. Uma pena que isso não tenha sido um sinal de moralidade, o fato foi que durante 4 anos o homem nada fez, apenas uns desviozinhos aqui, um suborninho ali. Mas dona Maria nem viu.
Textos sobre política, cultura, economia e esportes. No geral, assuntos oriundos dos cadernos de jornais. No entanto, reservamo-nos o direito de viajar a outros mundos.
sábado, 30 de agosto de 2008
Um voto mais honesto
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Pra inglês ver
O Chelsea anunciou a contratação de Robinho no seu site oficial, um dia depois teve que retira-lo em virtude da proibição e a insistência do Real Madrid em não libera-lo. Um tiro na água. O clube londrino antecipou a "CONTRATAÇÃO" mais cara da história (40 milhões de euros ou 90 milhões de reais) e recebeu um sonoro não do time espanhol. O quase certo se tornou duvidoso depois que o time madrilenho proibiu a saída do seu maior astro e ainda exigiiu a sua retratação à imprensa espanhola e mundial. Robinho não sai do Real Madrid.
E a novela envolvendo o craque brasileiro não terminou com um final feliz para os ingleses. É certo que os dirigentes espanhóis não gostaram nada da atitude do clube inglês ao antecipar-se aos fatos e colocar ontem, na loja online do clube, a camiseta de Robinho à venda.
Uma atitude no minimo precipitada do Chelsea em anunciar a contratação de Robinho, um time que já tem várias estrelas e segue firme na ponta do campeonato inglês jamais poderia ter cometido uma gafe dessa , nunca poderia ser vítima de uma empolgação e até mesmo um desequilibrio, um time que tem estrutura e um time capaz de vencer todos os torneios que disputa , além de ter um poderio financeiro e até político na Europa jamais poderia se submeter a esse tipo de atitude. Uma vergonha para um time da grandeza do Chelsea.
Hoje mesmo todo os jornais espanhóis mostravam em suas capas a recusa do time madrilhenho à proposta do Chelsea.
Segundo os dois jornais, o atacante, além de ver frustrado o seu desejo de atuar no futebol inglês no time dirigido pelo técnico Luiz Felipe Scolari, terá de pedir perdão ao clube e à torcida por ter dado declarações à imprensa de que desejava deixar o Real Madrid. No último fim de semana, ele chegou a ser vaiado e xingado de mercenário pela torcida do Real, durante a decisão da Supercopa da Espanha diante do Valência.
O "As" afirma que o técnico alemão Bernd Schuster foi o principal responsável pela permanência de Robinho no Real Madrid. Segundo o diário, Schuster prometeu que reconduzirá o atacante ao time. As palavras do presidente são reforçadas por Predrag Mijatovic, diretor de esportes do Real Madrid. O Chelsea foi da euforia a frustação, infeliz a atitude, paga-se o preço disso agora.
Drenthe meio campista do Real Madrid disse que o relacionamento dos jogadores com Robinho não foi machado, cuntinua o mesmo
Acompanhe no site do jornal As:
http://http://www.as.com/futbol/articulo/drenthe-robinho-tiene-pedirnos-perdon/dasftb/20080829dasdasftb_8/Tes
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
O documentário
Estamos disponibilizando nesse blog, o documentário: Nós que aqui estamos por vós esperamos, é uma série que fala sobre o nosso século XX , O século das inovações , de guerras mas também transformações, aqui disponiblizaremos um trecho mais curto do documentário, pois é muito extenso, mas vale a pena curtir essa obra de arte
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Quem morreu?
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Adriano, o homem retratado puramente por Marguerite Yourcenar
Durante anos, visitei escritores dedicados à vida dos homens e seus desígnios mais puros ou mais mundanos. Dostoievski deu-me prazeres com seus homens sofredores, desprovidos de alegrias pagãs, Flaubert remetia-me a tantos não sabedores da vida, meros insatisfeitos, infelizes humanos. Outros, como Goethe, haviam me levado ao amor ou à busca obstinada por sabedoria, a qual alucinadamente levou Fausto a vender sua alma a Mefistófeles. Entretanto, nenhum deles retratou como Marguerite os lamentos, as alegrias distintas e não conhecidas, a eterna e terna luta do homem em busca de tudo o que há de sagrado à vida humana. Mais de 1800 anos nos separam de um dos maiores Imperadores Romanos, todavia, através da obra, sentimo-nos ali, amigos, íntimos do Sumo Pontífice romano.
A ambição, as conquistas, os devaneios, tantos elementos permeiam a vida do homem, e todos eles preenchem as memórias de Adriano. Misto de pesquisas, com a obstinação de que tudo seja um relato pessoal, Marguerite faz com que o próprio imperador nos conte sua vida. Entramos na vida de Adriano através de si mesmo. É ele quem vai nos contar suas dores, seus anseios, seus medos e seus amores. O casamento infeliz, seus amantes, o amor tão sensato e puro por Antínoo, tudo nos é contado. É possível ouvir e ver este homem, em seus amores pela vida, em seu diálogo com a morte. Nada nos é jogado, sem fundamento, desprovido de sentido.
Marguerite Yourcenar, mais que uma escritora, é a criadora de uma obra distinta de tudo o mais já feito. As palavras, as verdades colocadas na boca de um imperador, distante dela em 25 gerações, enchem-nos de um prazer desconhecido em outras obras já lidas. As palavras proferidas por Adriano nos remetem a um mundo passado e ainda quase existente. Podemos voltar ao passado, enxergar Adriano e entender a vida dos homens pelos olhos maravilhosos de uma grande escritora.
Quando surge alve - verde imponente
domingo, 24 de agosto de 2008
O Tiro
Somos apaixonados e estamos bronzeados pelo sonho do esporte brasileiro. Um Brasil bronzeado , de gente bronzeada. Ao todo foram oito medalhas de bronze nessa última Olimpíada, com um desempenho até regular , conseguimos o melhor feito da história depois de Atlatanta 96. O sonho de conquista dez medalhas de bronze não foi atingido, mas ao menos podemos orgulhar desse feito, oito medalhas bronzeadas não é para qualquer um. É difícil classificar em ordem de importância as medalhas olímpicas brasileiras. Tivemos muitos Bronzes emocionantes ao longo de toda a história dos Jogos Olímpicos, conquistados por atletas diferenciados, persistentes, determinados e moderados. Atletas que ajudaram o Brasil a se consolidar como uma das nações fortes na briga bronzeada. Atletas que, com terceiros lugares inesquecíveis, disseram ao mundo que somos um país que sabe calcular, sabe manter a estratégia, sabe ser contido na hora certa, sabe ser Bronze de verdade.
O que dizer de um terceiro lugar conquistado inesperadamente, quando todos já haviam perdido as esperanças? Existem coisas na vida que não conseguimos explicar com o rigor da ciência e, por falta de definição melhor, não precisamos nos envergonhar de dizer que fomos abençoados com um milagre bronzeado, Vanderlei Cordeiro de Lima que o diga né?
Quem desempenho dos nossos atletas , que luta e que persistência , parabéns ao Carlos Arthur Nuzman , parabéns ao COB que nos presentiaram e incentivaram de verdade todos os esportes sem exceção aqui no Brasil, tivemos algumas decepções eu admito, o vôlei de quadra feminino deixou escapar o bronze e conquistou a medalha de ouro diante das norte - americanas , César Cielo nos levou ao gostinho doce na conquista do bronze nos cinquenta metros livre , mas ao gosto amargo na conquista da medalha dourada nos cinquenta metros livre com direito a recorde olímpico. E o que dizer de Maurren Maggi , por pouco não conquista o bronze , ficou no quase!!
Somos contra aqui a todos os atletas que fecham os olhos para as dificuldades do esporte em nosso pais e conquistaram a medalha de ouro. Sem falar que ganhar ouro é muito mais fácil do que ficar em terceiro, já que pelo bronze, não basta ser o melhor, é preciso controlar seu desempenho para não deslizar e acabar fora do pódio - ou pior: com a prata.
Seja como for , o Brasil chegou com chave de bronze essas Olimpíadas de Pequim!! Ironias a parte , o tiro da semana vai para o nosso Brasil Bronzeado que mais poderia ser um torniquete né?
Esse texto é uma adaptação de um blog chamado Bronze Brasil
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
O torniquete da semana
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Lembranças de um amor nos tempos do cólera
O homem digeria a vida, não a jogara fora de todo, mas haviam sensações ainda mal conhecidas. Tivera amantes, estas de diversos sabores, providas de manias distintas, por vezes alegres. Entretanto, não amara outro corpo, outra voz que não fosse a da menina que conhecera em sua adolescência. Sentado, de olhos fechados, refletia sobre as horas vindouras. Já vivera tanto, vira lugares que encheriam de prazer qualquer homem vazio, sentira sabores, bebidas diversas, comidas distintas. Refletia sobre as horas, sobre a amada, sobre o futuro. Beirava a morte, em corpo, não em espírito. Sentia suas forças, sonhava com o amor que a esperava em outra sala, esta não tão distante de suas aspirações mais puras.
A mulher chorava, lembrava dos dias vividos com seu homem. O corpo estendido; olhos fechados, tantas vezes já vistos, mas que agora eram eternos. Na sala outros pêsames, outros choros, entre velas acesas. Já era notícia. A vida em conjunto agora tornara-se dor; a solidão já ensaiava naquele peito antigo. Viver sozinha, tal como o jovem que a amou toda vida. As rugas do tempo, os olhos agora tristes, mal viram entrar o homem de agora. Entre homens, mulheres, o amor era visto. O velho entrou, encarregou-se de tudo, das pompas, do enterro, tal como conhecido. Nela, um amor não sabido, talvez adormecido no meio século passado. Nele, o amor como sempre: vivo, sentido.
A morte acontecida mal refreou tais intentos. Tinham pouco tempo, talvez horas. Para a mulher, algo estranho, nunca sentido. Para o homem, o começo de um amor aceso por décadas, nunca esquecido. Hora de viver. Lado a lado, uma paixão antiga. O navio que levava ao longe, que vagava, mostrava ao mundo um sentimento bem-quisto: um amor a vagar, por todo o tempo.
- O texto é baseado em O amor nos tempos do cólera, de Gabriel García Marquez.
Apenas uma lembrança
Moda "retrô" na política latina
Quem disse que a política não pode seguir as tendências da moda? Vivemos um cenário meio... retrô. Chique, não? Na passarela latina, Hugo Chavez esbanja estilo com narizinho empinado para a arrogância em um discurso de estatização. Na Bolívia, o cafona Evo Morales provoca a elite intelectual e econômica que, babando de sede por poder e grana, reinventa o look separatista. E no Brasil, o lulinha quer criar uma nova “estatalzinha” para deixar manca outra estatal; a Petrobras. Bem vindos, amigos, à moda nacionalista
Visando os bilhões do pré sal na bacia de Santos, o grande braço comunista do governo quer tirar da Petrobras a responsabilidade pela extração do petróleo no país. Em mais um discurso sísmico e frenético, lulinha se declarou preocupado com o destino da bofunfa que a nova descoberta pode gerar. A estatal brasileira tem capital aberto, ou seja, investidor estrangeiro na parada. O governo não quer dividir o dinheiro com eles, alegando que toda a nova grana vai para a educação, saúde, segurança...
Sei não, mas isso cheira à vontade governista de encher os cofres públicos e fazer a manutenção de politicazinhas torpes. Se tivesse vontade de fazer movimentos sérios para a educação e saúde o governo já teria feito. Afinal, este ano, mais uma vez, batemos novo recorde
O preocupante nesta nova tendência lulo petista é na economia. Ora, estas idéias só mancham nossas boas relações com o capital estrangeiro, principal fundamento para a nossa atual condição econômica. Investidores de grandes grupos econômicos podem olhar desconfiados, acreditando num retrocesso nas políticas brasileiras e mandar o dinheiro investido aqui para países com verniz mais responsável e atual.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Do you want tickets?
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
A preparação de Cielo
A seguir está o começo do texto e o link para os interessados em ler esse texto, é um pouco extenso mais vale a pena.
ROTINA DE 15 MIL BRAÇADAS
A preparação do velocista César Cielo para a sua primeira Olimpíada, em meio de uma safra de recordes , e a entrada em cena do "doping de armário"
Cesar Cielo Filho não dormiu bem na noite de 17 de fevereiro. O hotel da cadeia Best Value em Columbia, no estado do Missouri, no fundão da América, não era lá essas coisas e, para piorar, ele havia sonhado que um australiano batera o recorde mundial na sua especialidade, os 50 metros nado livre. Despertou com um chute na porta do quarto. – Nossa! O que é que está acontecendo? – perguntou, ainda sonado. Era Brett Hawke, seu técnico na Universidade de Auburn, no Alabama, que irrompera no quarto à força porque a porta estava emperrada. Sem intróitos, Hawke respondeu: – O Eamon bateu o recorde mundial: 21.5. Tradução: em Sydney, do outro lado do mundo, um australiano de 22 anos, Eamon Sullivan, havia pulverizado o recorde mundial da prova dos 50 metros nado livre, a mais veloz da natação, com o tempo de 21 segundos e 56 centésimos. O pesadelo de Cesar Cielo Filho não fora premonição nem coisa de vidente. Devido à diferença de fuso horário com a Austrália, a notícia tinha alcançado o técnico de madrugada e, pelo celular, ele tratou de repassá-la de imediato a seus pupilos. Cielo ouviu a mensagem em meio a um sono profundo e acabou imaginando ter sido um sonho.
leia mais
http://http//www.revistapiaui.com.br/artigo.aspx?id=733
sábado, 16 de agosto de 2008
O que significa o futebol
A Olimpíada de mentira
"Esperamos ver o resultado da Olimpíada de Seul, que estimularia a abertura política e a melhora nos direitos humanos e ajudaria no progresso da mudança estrutural do sistema político"
- Com esse dinheiro a China gastou com infra – estrutura , estádios novos e um projeto para limpar ou minimizar a poluição na capital chinesa.
- Em outros lugares esse alto custo teria criado uma polêmica com grandes proporções mundiais , mas não na China. Num país onde as informações nem sempre é acessível, grande parte das pessoas parece não saber quanto está sendo gasto.
A capital de um mundo (Pequim) projeta internacionalmente um país (a China) que transmitiu para 185 países essa festa da mente, do coração e da esperança, mas usa da segregação o ponto forte do seu governo, tanto é que o Tibet ainda sofre com essa intervenção.
A China não é um país democrático e sim ditatorial que usa do medo e da violência para manter a ordem, Mas que ordem? pessoas passam fome, são exploradas e se você acredita em Papai Noel ou em Coelhinho da Páscoa também acreditará nessa Olimpíada, uma Olimpíada de MENTIRA.
A criação de homens maus
Analisando a arte que se espelha na realidade social, vimos, por vezes, a crueldade humana que toma o lugar da felicidade inventada. Livros de amor, filmes de paixão retratam relações íntimas entre casais, triângulos amorosos. Perde-se, contudo, a realidade presente na vida em si. O amor inventado parece suprimir as relações de trabalho, de família, de amigos, o dinheiro, as ambições, as perdas. Tudo o mais fica em outro plano, distante da vida real. Séries americanas, com notável sucesso no Brasil, remetem sempre a isso: ao amor, ao dia-a-dia de paixões frágeis com reviravoltas de alegrias de contos de fadas. Smallville, a série que revive a adolescência do personagem de quadrinho Supermen, retrata bem estes aspectos. A produção parece deixar de lado a invenção fantástica de um homem com forças sobrenaturais para dar lugar aos amores, às relações de paixão, amizade e intrigas entre adolescentes. A série se inspira em pequenas relações não fiéis aos homens.
Entretanto, na literatura podemos chegar à invenção de relações sociais mais bem elaboradas, porém também inviáveis. Sidney Sheldon criou, durante toda sua vida, mulheres fortes, capazes de tudo para ficarem ricas, poderosas. Havia mulheres que matavam por poder, que eram reprimidas, mas mesmo assim conseguiam vencer as atribulações. O escritor criou mulheres em formas e essências distintas. No entanto, todas eram disformes.
Voltando a Dogville, a realidade é mais crua; trabalhadores, donas de casa, crianças, um cachorro – este desprovido de atitudes humanas, tal como um cachorro. A chegada de Grace os assusta; pouco sabem da forasteira, apenas que é uma fugitiva. A mulher mesmo assim é acolhida. As aspirações mundanas estão presentes em Dogville: um homem revoltado com sua miséria; um médico aposentado e hipocondríaco, a mãe, esposa infeliz; a dona-de-casa conformada com seus afazeres diários; o máximo de homens reais compõem a cidade real de Lars Von Trier. A imaginação fica por conta do cenário. O filme, desprovido de árvores, montanhas e casas, é composto por riscos no chão. É-nos necessário imaginar belas ou cinzentas paisagens. Na literatura, poucos se assemelham de Lars Von Trier. Fiódor Dostoievski, escritor russo, também não compõe seu cenário de belezas, para ele, a única paisagem é o âmago dos homens, rodeados por uma cidade de homens simples, pedantes, repletos de misérias humanas.
Dogville retrata a construção do homem em sua essência. As ações sociais disseminam rancores, intrigas, todos maltratam a forasteira, apenas por temê-la. Viver na cidade é fazer parte daquele coro, ninguém está imune. Homens pacatos tornam-se homens maus, agressores, estupradores. A cidade tranqüila e feliz, repleta de homens comuns, torna-se ódio, definha-se em chamas. Os habitantes são julgados, são homens aos pés de um deus, enfim condenados a pagar por suas ações sociais e humanas.
O Torniquete da semana
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Jogadores as avessas
O que Rogério Ceni, Marcos e Harlei tem em comum? Mais de dez anos em um clube de futebol? Sim, é verdade. Maior número de jogos em seus clubes? Sim, também é verdade. Mas o que mais chama a atenção nesses jogadores é o grande potencial que possuem no quesito marketing, além do grande preparo físico que permite um grau de contusão bem abaixo da maioria dos jogadores de linha.
Jovens mutantes
Quando adolescente enxergava amigos, colegas e outros tantos desconhecidos como desenhos produzidos pela Warner, talvez pela Disney, quem sabe Universal, sei lá. Na verdade éramos meras figuras fabricadas em estúdios cinematográficos, fonográficos e outros gráficos; vendidos em supermercados, lojas, shoppings, onde mais se possa comprar.
Todos eram mutantes; ora pagodeiros, ora roqueiros, punks, góticos, metaleiros, clubers parando, finalmente, na EMOtividade. Os cabelos se tornavam longos, por vezes não existiam, outras eram coloridos, pretos; pareciam esconder coisas realmente desimportantes. As roupas eram pretas, eram rasgadas, coloridas, escassas. A músicas eram modas, eram passados ainda vivos. Percebi que jovens vivem como mutantes, ora alegres, ora tristes. São bobos eternos, até a hora de crescer.
Os adolescentes são construções, invenções. A idade do sofrimento é fragmentada e inconstante, e a razão? Não se sabe. Difícil compreender esse ninho de sensações contraditórias, de questões indecifráveis. Jovens são mutantes, mudam com as horas, com as estações, com as bobagens vendidas em bancas de jornal.
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Festa econômica para o banquete eleitoral
Vivemos um momento de euforia na economia. A tal “retomada do crescimento” parece realmente estar acontecendo depois de anos de estagnação. Tudo por causa da tal confiança do capital que gera o crédito. Quanta oferta de crédito há no mercado, não?. A classe média “dá bananas” à alta taxa de juros e compra em parcelas de 24, 32, 72 vezes. Os bancos gargalham. A indústria reclama, mas ri a toa! E tudo se acomoda. O otimismo é tanto que, olhando para o caderno de economia, me sinto no Canadá! Amigos, caiamos na real! Comemorar 52% de classe média em um país deste tamanho é...bobo.
Ok, as coisas estão caminhando bem, mas não rumo à economia Suíça. Ainda temos uma centena de problemas e incoerências. Nosso governo gasta muito, temos uma dívida pública gigantesca graças a isso. Ora, alguém consegue ver motivos para a existência do Ministério da PESCA? E aquele órgão com status de Ministério, o tal do Núcleo de Assuntos Estratégicos do pseudão Mangabeira Unger! Pra que serve, heim? Meus caros, tudo isso não passam de bobagens que gastam horrores. Dinheiro jogado na vala para fazer costurazinhas políticas.
E mais! O que esta sendo feito para coibir o endividamento da classe média. Só aumento na taxa de juros não basta, amigos. E a reforma previdenciária e política; as quantas andam? E os altos impostos, quando vamos rever nossas taxas tributárias? Existem uma porção de etecétreras se fossemos enumerar nossos problemas econômicos. Tantos e tão velhos que parecem clichês. Não, mas nem nossas crônicas agonias podem frustrar o sistema lulo-petismo de positivismo em ano eleitoral.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Ensaio da música através dos tempos
Ouvi certa vez “Construção” de Chico Buarque, não havia nada de extraordinário, apenas um pedreiro ou servente que havia caído do alto do edifício em construção. Apenas isso, torço para que vocês acreditem que esse “apenas” foi uma ironia. Mas o fato existente, a sensação, foi um arrepio. Senti minha pele retrair e um calafrio que me percorria a espinha. A música trouxera um sentimento de tristeza, o fato era simples, porém cruel e real. Contudo eu me lembrava, não era a primeira vez. Como nossos pais, cantada na voz de Elis, mostrava o intelecto de Belchior, o compositor. Belchior, como Chico, também sabe o ponto exato que suas canções podem atingir. Mas não só eles, adicionemos à lista um Tom, o Jobim. Contamos também Toquinho, as vozes de Bethânia, de Gal, as composições e a voz tão inebriantes de Adriana Calcanhoto. É, a música já havia me dado muitas coisas. Senti muita raiva também, isso é certo.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Folclore – a origem da cultura popular
Visitando os cinco cantos do país, vemos a fusão de culturas, a mistura do branco com o negro, o índio em meio aos dois; além de orientais, latinos, europeus. O brasileiro é feito da junção de todos os costumes, valores e tradições de pessoas do mundo inteiro. Seria difícil, em meio a isso, manter as antigas tradições, perpetuar a cultura do dia-a-dia simples, rotineiro e pitoresco. Hoje, o que temos são relatos, contados; causos, lendas, histórias fantásticas e simples do povo brasileiro: o folclore. A lenda da Boitatá, cobra de fogo que protege as matas e os animais; o Boto, animal que se transforma em homem para seduzir as donzelas no Amazonas; a Iara, nossa mãe d’água; entre tantas outras lendas, constituem o imaginário popular, a pureza da cultura nacional.
As brincadeiras, as canções, as danças, também constituem essas expressões culturais repletas de beleza e simplicidade. Cantigas de roda, acalantos, modinhas e serenatas misturam-se ao samba, ao baião; juntam-se às catiras, ao maracatu, à quadrilha. Torna-se imensa, rica e distinta a cultura popular. A língua falada, a literatura, as festas transmitem aos não sabedores uma cultura espontânea e sem autoria; as manifestações são do povo e de sua terra.
Uma manifestação sem idade e desprovida de autores, o Folclore, é a forma pura e simples dos valores e das tradições do homem. No século XIX, quando já se perdia no tempo, a pesquisa folclórica foi incentivada por toda a Europa. Devido a isso, hoje, o folclore é uma das principais inspirações de artistas do mundo inteiro. As obras, as festas, todas as manifestações folclóricas guardam um pouco da história humana antes dos avanços tecnológicos e comunicacionais. Voltar a elas é remeter a um lugar de transparência, beleza e sabor; é compreender a vastidão de conhecimento dos homens.
Ketley , uma heroína
Na tarde de ontem, do outro lado do mundo, ela gritou como nunca. Quase não agüentou. Desesperou-se. Depois, chorou. Pensou que vivia um sonho. Na verdade, tudo era um sonho. Até estar ali. Muito longe do Ginásio da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim, onde a dona do salão gritava e chorava de alegria.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
China: a lição “Mao” aprendida.
Oficialmente era uma guerra entre China e Japão, mas o que realmente aconteceu foi um covarde uso do país do Dragão como campo de provas de maquinário bélico e treinamento de pessoal de guerra. Para ter uma idéia, os pilotos japoneses, que fizeram a bem sucedida ofensiva contra a base americana de Pearl Harbor (que levou os Estados Unidos a entrarem na II Guerra Mundial) foram treinados arduamente em ataques a bases chinesas e cidades inofensivas.
A lição foi dura, os Tigres Voadores, grupo formado por mercenários americanos que lutavam ao lado dos chineses nos céus do oriente, durante anos sugou parte da frágil economia chinesa. Aviões e aviões foram comprados, salários altos pagos a americanos, italianos, russos para defenderem a China da terrível máquina de guerra japonesa. Tudo em vão, a China não conseguiu neutralizar, tampouco ver diminuído o número de cidades queimadas e de vítimas inocentes que tombavam como moscas diante dos aviões de caça japoneses.
No entanto, Itália, Rússia, Estados Unidos e alguns outros países mandavam, a preços exorbitantes, material bélico que os chineses compravam na tentativa de erguerem uma frente para defender suas grandes cidades e as plantações que tanta falta fazia às famintas famílias chinesas. O dragão agonizava. Multidões morrendo em meios às chamas das bombas incendiárias ou na ponta dos sabres dos oficiais de terra japoneses. Um verdadeiro holocausto, pouco lembrado em nossos livros de história.
Mal levantavam vôo, os novos aviões adquiridos, refugos em seus países de origem, os japoneses os derrubavam do céu como insetos na chuva. Quantas vezes as caixas de equipamentos eram bombardeadas ainda nos cais dos portos chineses, antes da montagem. Outras tantas, milhares foram dizimados deixando as águas do Yang-Tsé vermelhas de sangue. Os japoneses atiravam sem nenhuma chance de erro para um alvo farto as margens do rio.
O que me deixa perplexo, no entanto, é que mesmo depois de toda esta brutal experiência, não consigo conceber a idéia de um povo chinês dividido e subjugando uns aos outros. Fico atônito quanto membros do partido vermelho usam seus poderes para aprisionar e trancafiar pessoas contrarias às suas idéias. Fico horrorizado, quando percebo um mundo “civilizado” aceitando tudo isso e louvando os Jogos Olímpicos, que nada mais é do que uma máscara para encobrir vergonhas e injustiças cometidas pelos iguais à população alienada do interior.
Enquanto multidões em todo o mundo assistem ao espetáculo, montado em Pequim, muitos chineses não tem sequer o direito de entrarem em sua capital, quanto menos, visitar os “templos” criados para o evento esportivo. Somente alguns privilegiados têm o passe especial para entrar na cidade. Pior, é ouvir o “grande comunicador”, “da grande rede de TV brasileira” louvando o “planejamento invejável” dos chineses quando arranjaram um casamento entre dois chineses para “criarem” o gigante do basquete Yao Ming. Tudo arranjado pelo partido comunista. Absurdo.
Os jogos é uma tentativa de “abertura” ao mundo democrático? É o que pregam, mas no âmago não combina com o sistema endurecido dos líderes chineses. Não faz côro quando lembramos dos oprimidos do interior. Daqueles que tiveram que abandonar suas casas e cederem seus lares para construções monumentais que jamais conhecerão.
Parece que anos de duras penas não foram suficientes para trazer a união do poder chinês ao povo. Aqueles que deveriam defender a maioria fraca, subjuga e controla com mãos de ferro. Destrói e mói aqueles que ainda vivem sob o ataque não de bombas e sabres japoneses, mas do pesado jugo infringido por seus próprios irmãos.
O nadador alienigena
Michael Phelps é reconhecido por seu grande êxito na natação, o que inclui uma extraordinária marca de oito medalhas nas Olímpiadas de Atenas em 2004 , sendo seis delas de ouro (100m e 200m borboleta, 200m e 400m estilos, 4x100 estilos e 4x200 livres) e outras duas de bronze (200m livres e 4x100m livres).
domingo, 10 de agosto de 2008
Jogos históricos em solos impuros
Antes mesmo do início dos Jogos Olímpicos, a China já dava ao mundo inteiro prévias do que se passariam em seu território. Os massacres aos tibetanos comoveram o planeta, parte da imprensa cogitou um boicote aos jogos de Pequim; pouco antes da abertura das olimpíadas, dois repórteres japoneses foram espancados. Mas nada aconteceu. O mundo parece ter se habituado ao chão vermelho sangue do país comunista. Espancamento, prisões e mortes anteciparam a festa de início dos Jogos Olímpicos. Todos torcem, agora, para que a beleza histórica dos jogos criados pelos gregos não se torne o horror dos Jogos Sangrentos, o filme trash feito de sangue e corpos humanos. Características com as quais os chineses estão acostumados.
Desde a Revolução Cultural Chinesa, que perpetuou o comunismo no país, trazendo junto a si milhões de mortos, o totalitarismo silencia um povo pobre e humilde. No lugar, não há imprensa, muito menos oposição. O vermelho do comunismo toma muros, ruas, casas. Com as portas abertas para as riquezas do capitalismo, o país parece mascarado. Ora é o dragão que prospera, enriquece levando consigo uma ínfima parte da população. Ora é o dragão que vigia, censura, emudece seus quase dois bilhões de habitantes. O dragão da prosperidade tenta passar ao resto do mundo suas alegrias, suas belezas, a riqueza de suas antiguidades. O outro, que vigia, esconde-se, mas não desaparece. Este permanece ali, abomina estrangeiros, sente repulsa pelo diferente; é o retrato fiel e puro do partido comunista.
As Olimpíadas na China não me atraíram. Mantenho-me como outra versão do animal de vigia. Espero, observo. Por alguns momentos chego a torcer por meu erro, que a China não dê a todos o que tem de pior. Torço para que a beleza grega impere para que, assim, os chineses possam ver um mundo mais belo, de liberdade, sem rigidez; que veja sinais de um futuro melhor. No entanto, espero.
O tiro
O tiro da semana vai para o...para o...Ministro com cara de BOI SONSO, Tarso Genro. Protagonista das maiores gafes do último mês, Genro conseguiu, nos últimos dias, causar mais problemas que o PT inteiro em jejum sexual.
Semana passada, tentou modificar a Lei da Anistia para permitir a punição de torturadores e assassinos da ditadura militar. Resultado: FIASCO TOTAL. Não conseguiu nem o apoio do governo e ainda arrumou uma azia com os pomposos militares Piores foram suas declarações de apoio à decisão do STF de restringir o uso de algemas. Com cara de bom velhinho, disse que a resolução foi “sensata e equilibrada”.
Já é uma gigante bobagem a discussão deste tema pelo Supremo e ainda temos que ouvir o apoio desnecessário do Ministro da justiça a esta balbúrdia! Tudo isso por causa da prisão do DAN-DAN e da já clássica imagem do “PITTINHA” de pijaminha!
Genro, culpar a imprensa por tudo é coisa de intelectual, mas vá lá! Agora, fazer coro para restrição de algemas é tosco, pra dizer o mínimo! Porque não culpou o César Tralli? Com isso a gente está mais acostumado.
sábado, 9 de agosto de 2008
Torniquete da semana
Ok, Ok! Ela é chata pra burro. Ou burra de tão chata. Mas amigos, bons redatores e publicitários fazem milagres até divertidos com celebridades antas. Vi muito sarcasmo neste videozinho da Paris Hilton. Bonitinha, a loira apareceu diante das câmeras para fazer uma retaliação ao filme publicitário do candidato pseudo conservador a Casa Branca, John McCain. O republicano usou imagens da loirinha-burra-rica para detonar o pop presidenciável e democrata, Barack Obama.
De biquíni, Paris lançou uma falsa campanha presidencial, sacaneou os dois principais canditados a presidência americana e ainda ameaçou pintar a Casa Branca de rosa. Ficou legal
Nada que um tele pronter, loucos publicitários e uma gorda conta bancária não possa fazer.
Histórias quase verdadeiras
Ajudar as pessoas e melhorar o país sempre foi o grande sonho de João de Santo Cristo. Ao chegar à Brasília para trabalhar como ajudante de carpinteiro ele se viu perto de realizar o que queria. Porém, sua vida foi marcada pela contradição. Logo na capital brasileira, Santo Cristo, virou ladrão, traficante, justiceiro. A vida de João poderia, facilmente, se tornar um filme e ter uma conotação maior que Cidade de Deus. Mostrar a origem de uma realidade cruel que assola o Brasil. Santo Cristo, como Mané Galinha – personagem principal do filme - tem um fim trágico: um tiro pelas costas disparado por Jeremias, traficante rival.
PS. – Todos os personagens são fictícios, a história, apesar de não aparentar, também é uma criação. João do Santo Cristo e Jeremias morreram anos atrás