quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Apenas uma lembrança


Alguém se lembra do seriado JK que foi veiculado na Rede Globo de Televisão? O sucesso do seriado demonstra aos jovens de hoje que a busca de um passado que foi mitificado e hoje é apenas uma crítica da mediocridade do presente.
O seriado global atiçou nas novas gerações a nostalgia do Brasil que não viveram. Jovens – meninos e meninas – que vão além da tediosa pobreza da telinha e se dão ao trabalho de escavar a história, não raro interpelam os sobreviventes do desenvolvimentismo com suas angústias e esperanças. Perguntam: Juscelino foi “tudo aquilo”? A busca de um passado idealizado e mitificado, em sua maciça e massificante perplexidade, é a crítica ingênua de um presente atolado na mediocridade e na estagnação.
Nietzsche dizia que nos “bons narradores e maus explicadores” há freqüentemente uma segurança e coerência, num contraste francamente ridículo com a inaptidão de seu (próprio) pensamento. Assim, sua cultura parece num dado instante excelente e elevada, mas lamentavelmente baixa no instante seguinte. Juscelino e suas circunstâncias foram tudo aquilo e mais alguma coisa , esse mais alguma coisa é o resíduo que a história não revela aos gênios de baixaria, ventríloquos nativo, sempre empenhados na cruzada contra o que chamam de populismo. Seja como for, no período desenvolvimentista foram travadas as batalhas decisivas pela consolidação do processo de industrialização. O “desenvolvimentismo” como projeto de um capitalismo nacional cumpriu o seu destino através do Plano de Metas. Muito ao contrário do que pregam os caipiras cosmopolitas. O projeto juscelinista integrou a economia brasileira ao vigoroso movimento de internacionalização do capitalismo do pós-guerra. A análise do Plano de Metas explicita a concepção de um bloco integrado de investimentos na infra-estrutura, no setor de bens de capital e de bens de consumo duráveis. Isso não deve impedir, porém, a crítica da política econômica juscelinista , mas ela não é possível sem o conhecimento das circunstâncias históricas que permitiram os 50 anos em cinco. Os resultados, ainda que desiguais, não foram ruins, comparada a qualquer outro período do capitalismo, anterior ou posterior, a era desenvolvimentista apresentou desempenho muito superior em termos de taxas de crescimento do PIB, de criação de empregos, de aumentos dos salários reais e de ampliação dos direitos sociais e econômicos. A moda, então, entre os economistas, sociólogos e cientistas políticos, eram as teorias do desenvolvimento, os modelos de crescimento econômico e o estudo das técnicas de programação e de planejamento.
Foi um momento impar no desenvolvimento do Brasil que merece ser destacado, mas que infelizmente para os jovens não ultrapassam as páginas dos livros , uma pena. Pra que vê o Brasil hoje não tem noção do que foi esse período, infelicidade nossa, jovens, que nos deparamos apenas um governo antiquado, rústico para dizer a verdade , um governo que ainda vive momentos provincias , momentos de uma colônia.

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