Uma derrota imerecida
Final de jogo, o Brasil perde para os Estados Unidos no futebol feminino. Um a zero para as americanas, as meninas brasileiras conquistam a prata na final das olimpíadas. Uma derrota dificil triste e imerecida. Como lutam essas garotas do Brasil , como jogaram na final contra as norte- americanas, elas certamente mereciam um resultado mais justo, uma derrota que não reflete o que vimos nessa final, meninas que batalham até o fim, até o apito final do árbitro. Mas , uma coisa pra mim é inexplicável por que a mulher em nosso país ainda está, de certa maneira, à margem do futebol? Como entender a convivência entre o sucesso da Seleção Brasileira de Futebol Feminino na última Olimpíada e a realidade desfavorável da prática do esporte bretão pelas mulheres em nosso país?
Poderíamos apresentar um breve histórico do futebol feminino em nosso país desde os primeiros shoots até os gramados da Grécia atual. Deixemos essa tarefa para momento mais propício. A nossa preocupação aqui é apenas analisar em que contextos ocorreram às participações das mulheres frente a este fenômeno cultural chamado futebol. Os papéis sociais determinados para homens e mulheres são distintos no mundo predominantemente patriarcal em que vivemos. Em cada época, foi determinado um papel sócio-esportivo para as mulheres, ou seja, determinadas expressões da corporalidade foram classificadas nas opções como "femininas" e "não-femininas". E o futebol, na terra de "Pelé", ficou no rol da segunda opção.
Altos e baixos mesmo na presença de tais limitações legais para a prática do futebol, as mulheres lutaram diariamente contra tais restrições, conseguindo com isso ultrapassar as fronteiras do que seriam "esportes femininos" e "esportes não-femininos". Mesmo sabendo que o futebol ainda é uma prática de lazer ligada diretamente à figura masculina em nosso país, percebemos que meninas e mulheres estão cada vez mais praticando o futebol.
Apesar de entendermos que o futebol feminino em nosso país ainda vive de altos e baixos, principalmente o chamado "futebol profissional" (falta de campeonatos, de torneios, equipes que se formam e rapidamente se extinguem por falta de apoio, etc.), acreditamos, que o mesmo já conquistou uma boa parte das mulheres. Atualmente para as mulheres brasileiras sua participação ultrapassa o entendimento de que as mesmas tenham apenas um papel de relevância secundária, sendo coadjuvantes, como a mãe que lava os uniformes dos meninos, a irmã que limpa as chuteiras, a namorada que prepara os canapés e serve as bebidas, etc. Elas agora se afirmam tendo um papel sócio-esportivo no mesmo nível dos homens brasileiros. Não igual, pois o direito à diferença articula um caminho para uma convivência mais saudável entre os sexos e para a construção de um gênero humano que se componha como uma unidade na diversidade.
Então, não entendendo como ainda , depois , de vários resultados e até expressivos dessas garotas que valem ouro literalmente, não tem o reconhecimento devido. Essas meninas são e devem ser olhadas com mais carinho, devem ter o reconhecimento merecido, campeonatos oficiais , devem ter mais investimento, mais incentivo. O torniquete da semana são essas meninas , que mesmo na derrota mostraram ao mundo e ao Brasil como perder com dignidade , mostraram a todos que merecem sim o nosso torniquete da semana.
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