Nunca em toda minha vida havia lido uma escritora que escrevesse como homem. As sensações descritas por Clarice Lispector, Virginia Wolf e outras tantas escritoras eram para mim confusas, demasiado abstratas para que entendesse. As mulheres que conhecia falavam de sentimentos obscuros, intrínsecos à alma feminina. Havia tentado por vezes, entretanto, não compreendia. Foi em um final de tarde, temeroso quanto ao livro em minhas mãos, que decidi tentar. A belga que carregava não partilhava dos mesmos conceitos de Virgínia, tampouco das mesmas angústias de Clarice. Uma mulher ambiciosa, Marguerite logo me chamou a atenção. O livro eram memórias, não dela, mas de um homem. Absorvida durante décadas na obstinação de retratar, não fiel, mas artisticamente a vida de um dos maiores homens da história humana, Marguerite Yourcenar concluiu uma das maiores obras já feitas na literatura mundial. Memórias de Adriano, o imperador, entra em recantos da alma, do corpo e do universo de um homem.
Durante anos, visitei escritores dedicados à vida dos homens e seus desígnios mais puros ou mais mundanos. Dostoievski deu-me prazeres com seus homens sofredores, desprovidos de alegrias pagãs, Flaubert remetia-me a tantos não sabedores da vida, meros insatisfeitos, infelizes humanos. Outros, como Goethe, haviam me levado ao amor ou à busca obstinada por sabedoria, a qual alucinadamente levou Fausto a vender sua alma a Mefistófeles. Entretanto, nenhum deles retratou como Marguerite os lamentos, as alegrias distintas e não conhecidas, a eterna e terna luta do homem em busca de tudo o que há de sagrado à vida humana. Mais de 1800 anos nos separam de um dos maiores Imperadores Romanos, todavia, através da obra, sentimo-nos ali, amigos, íntimos do Sumo Pontífice romano.
A ambição, as conquistas, os devaneios, tantos elementos permeiam a vida do homem, e todos eles preenchem as memórias de Adriano. Misto de pesquisas, com a obstinação de que tudo seja um relato pessoal, Marguerite faz com que o próprio imperador nos conte sua vida. Entramos na vida de Adriano através de si mesmo. É ele quem vai nos contar suas dores, seus anseios, seus medos e seus amores. O casamento infeliz, seus amantes, o amor tão sensato e puro por Antínoo, tudo nos é contado. É possível ouvir e ver este homem, em seus amores pela vida, em seu diálogo com a morte. Nada nos é jogado, sem fundamento, desprovido de sentido.
Marguerite Yourcenar, mais que uma escritora, é a criadora de uma obra distinta de tudo o mais já feito. As palavras, as verdades colocadas na boca de um imperador, distante dela em 25 gerações, enchem-nos de um prazer desconhecido em outras obras já lidas. As palavras proferidas por Adriano nos remetem a um mundo passado e ainda quase existente. Podemos voltar ao passado, enxergar Adriano e entender a vida dos homens pelos olhos maravilhosos de uma grande escritora.
Durante anos, visitei escritores dedicados à vida dos homens e seus desígnios mais puros ou mais mundanos. Dostoievski deu-me prazeres com seus homens sofredores, desprovidos de alegrias pagãs, Flaubert remetia-me a tantos não sabedores da vida, meros insatisfeitos, infelizes humanos. Outros, como Goethe, haviam me levado ao amor ou à busca obstinada por sabedoria, a qual alucinadamente levou Fausto a vender sua alma a Mefistófeles. Entretanto, nenhum deles retratou como Marguerite os lamentos, as alegrias distintas e não conhecidas, a eterna e terna luta do homem em busca de tudo o que há de sagrado à vida humana. Mais de 1800 anos nos separam de um dos maiores Imperadores Romanos, todavia, através da obra, sentimo-nos ali, amigos, íntimos do Sumo Pontífice romano.
A ambição, as conquistas, os devaneios, tantos elementos permeiam a vida do homem, e todos eles preenchem as memórias de Adriano. Misto de pesquisas, com a obstinação de que tudo seja um relato pessoal, Marguerite faz com que o próprio imperador nos conte sua vida. Entramos na vida de Adriano através de si mesmo. É ele quem vai nos contar suas dores, seus anseios, seus medos e seus amores. O casamento infeliz, seus amantes, o amor tão sensato e puro por Antínoo, tudo nos é contado. É possível ouvir e ver este homem, em seus amores pela vida, em seu diálogo com a morte. Nada nos é jogado, sem fundamento, desprovido de sentido.
Marguerite Yourcenar, mais que uma escritora, é a criadora de uma obra distinta de tudo o mais já feito. As palavras, as verdades colocadas na boca de um imperador, distante dela em 25 gerações, enchem-nos de um prazer desconhecido em outras obras já lidas. As palavras proferidas por Adriano nos remetem a um mundo passado e ainda quase existente. Podemos voltar ao passado, enxergar Adriano e entender a vida dos homens pelos olhos maravilhosos de uma grande escritora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário