quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ensaio da música através dos tempos











“Não existiria o som se não houvesse o silêncio...” ouvi ao despertar Lulu Santos. Amanheci tranqüilo, satisfeito por poder respirar, por mais um dia. Uma manhã tranqüila, lá fora os pássaros sem compraziam com seus cantos. Lembrei de algumas músicas, haviam muitas, 20 anos ouvindo. Rádios, cd’s, dvd’s, minha músicas no computador. Recordei velhos tempos, tal qual saudosistas, apesar da pouca idade sempre fui um velho. Já havia chorado ouvindo o “Lembra de mim” de Ivan Lins; tentava lembrar de amores que não tive, como é humano ser um bobo. Foram tantas as emoções como diria o chato do Roberto Carlos.
Certo momento me vi em um triangulo, lutava por um amor, não sabia quem era. Lembro da canção, ela dizia “esqueça se ele não te ama”, ou algo parecido. A doce voz da Marisa Monte me fazia acreditar, eu estava apaixonado, não duvidaria disso, estragaria o encanto. Sonhei com esse amor, mas era manhã, sonhei acordado. Nem bem anoitecia dei por perdida a batalha, perdi o meu amor. Chorei ao som de algum sertanejo qualquer, não havia apenas músicas boas. Mas as boas que sabia me traziam as mais diferentes sensações.
Ouvi certa vez “Construção” de Chico Buarque, não havia nada de extraordinário, apenas um pedreiro ou servente que havia caído do alto do edifício em construção. Apenas isso, torço para que vocês acreditem que esse “apenas” foi uma ironia. Mas o fato existente, a sensação, foi um arrepio. Senti minha pele retrair e um calafrio que me percorria a espinha. A música trouxera um sentimento de tristeza, o fato era simples, porém cruel e real. Contudo eu me lembrava, não era a primeira vez. Como nossos pais, cantada na voz de Elis, mostrava o intelecto de Belchior, o compositor. Belchior, como Chico, também sabe o ponto exato que suas canções podem atingir. Mas não só eles, adicionemos à lista um Tom, o Jobim. Contamos também Toquinho, as vozes de Bethânia, de Gal, as composições e a voz tão inebriantes de Adriana Calcanhoto. É, a música já havia me dado muitas coisas. Senti muita raiva também, isso é certo.
Creio que uma das piores coisas de não se morar em um lugar isolado, distante de todo o mundo, é o fato de termos que ouvir o que nossos vizinhos ouvem. Já fui atordoado com tantos funks, raps, pagodes, alguns de grande sucesso - não cito nomes para não manchar o papel – pensei certa vez que iria enlouquecer, entretanto estou vivo. Porém é comum nesse mundo existirem coisas boas e ruins, algumas bem ruins, devo dizer.
Para finalizar, uma boa música, mas não sei. Sim, é algo que me atordoa agora, não sei mais o que ouvir. Certo seria ouvir coisas novas, mas não confio nesses produtos que estão à venda hoje em dia. Talvez coisas velhas que ainda não conheci, devem existir. Melhor fazer como um sonhador, ir rompendo fronteiras, chegando aos mais distantes horizontes. Mas claro, sempre fugindo da vizinhança.

Um comentário:

Ivan Lourenço disse...

Tem razão. As sensações causadas com a harmonia entre a letra e melodia chegam a ser estranhamente desconcertante (no bom sentido, claro). O mais estranho de tudo é que a nova MPB é muito repetitiva, enjoativa, chata. Vejo pouca ousadia, criatividade e poesia. Parece que tudo nasceu e morreu com Milton, Gil, Chico, Belchior, Elis, Ivan Lins, Bethânea, Mutantes, Zé Ramalho, Tom, Vinícius... E isso não é so saudosismo, nem reprodução de discurso. Há muito não sinto arrepios com a MPB. Atualmente, imploramos por espásmos de beleza nas letras Marisa Monte, CÉU, Adriana Calcanhoto, Otto e das "velhas vanguardas" que ainda produzem.

Anderson, seu texto está muito bem escrito. Só não gosto do tio LU-LU no seu primeiro parágrafo