Na década de 90 e no início desta, olhávamos para o futuro meio assustados com os mega acordos comerciais, fusões e monopólios que começavam a se configurar no cenário econômico mundial. Nossos professores de geografia e história, na época lulistas frenéticos, pintavam o caos. Alguns jovens ouvintes, inclusive eu, incorporavam e reproduziam parte daquele discurso. Confusos, absorvíamos e misturávamos uma porção de ideologias e movimentos culturais e revolucionários. Anarquia, Marx, Woodstock, Che, Golpe de 64, Cuba, Vargas e etc formavam a falácia reprodutora de nostalgias que só a mente criativa de adolescentes pode unir. Pensávamos: “Tem gente passando fome na AFRICA; malditos capitalistas! Morra Ronald Mcdonald!”.
Sim, realmente vivíamos no auge da apologia ao capitalismo neoliberal na economia e política do mundo todo. Com capital tudo podia. As máximas naquele período eram de que a pobreza iria acabar, exclusivamente, com políticas econômicas fortes; a abertura para acordos comerciais com países ricos era a solução para balança comercial (lembra da ALCA?) ou ainda, diminuir o poder do Estado quando o assunto é “economia e mercado” para um maior crescimento. Balela!
Há ainda fortes teorias correndo no sentido do oba, oba econômico, mas não foi isso que se configurou. Em um sentido, nem tão inverso assim, nações desenvolvidas e em desenvolvimento elegeram presidentes de partidos trabalhistas ou com passado socialista. Mega coorporações emudeceram ou diminuíram o tom de prepotência e pedem socorro ao Estado. Brasil, Índia, África do Sul e até a comunista China negociam em tom de igualdade com o G8. Quem diria, não? O mercado clama por regras ao poder público, políticas sociais funcionam e distribuem renda, e matéria prima “vale ouro”.
Parece que um “novo capitalismo” vem se firmando. Um sistema mais tolerante que digere de Chavéz à Bush. Uma ordem que põe coorporações como GM e Ford a fazer malabarismos para não escorregar enquanto Volkswagen, Fiat e Tata Motors desfilam vigor porque investiram nos emergentes.
Nem meus professores de ciências sociais do colégio nem os neoliberais americanos acertaram em suas premonições. Tudo mudou muito e rápido, mas sempre pela ótica da gangorra que é a busca pelo lucro. Foram apenas confusas premonições teóricas acerca de um sistema abrupto e imediatista, assim como o ansioso e desesperado desejo de resposta do adolescente.
3 comentários:
Como já te disse, acho que tem razão, porém talvez não exista um novo capitalismo se firmando mas um novo rumo, uma adaptação do nosso velho Capitalismo
Vocês todos estão enganados...
Este é o velho capitalismo, o mesmo sonhado pelas melhores mentes das ciências humanas.
O liberalismo sempre focou a liberdade do homem de crescer, prosperar. O elemento principal, que dá vida ao capitalismo, é a produção e o acumulo de riquezas. Não haveria saída para isso. A igualdade monetária, tão sonhada por Marx, era uma utopia; ainda hoje professores do ensino básico e do superior disseminam tal heresia. O que viria em um capitalismo com bases sólidas era um avanço em que todos fossem arrancados de suas poltronas para - se não andarem juntos - não ficarem parados. O capitalismo iria vencer um pouco suas falhas, entre as principais, a desigualdade monetária. Vemos, hoje, um pouco disso. Entretanto nos falta mais, questões ainda difíceis de serem resolvidas. Mas o capitalismo tem a vantagem de possibilitar a correção destas falhas. Pena tenho de países que adotaram Marx como um grande pensador. Cuba vive inerte, isolada em um mundo somente seu, China abre as portas apenas para as riquezas trazidas pelo sistema capitalista. Aqui, nossos vizinhos acham bonito. Chavez dircursa a intolerância, a bestialidade, Evo o apoia, a Sra. Kirchner aplaude e nosso presidente acha bonito. O que vemos aqui é um capitalismo mais forte que ideologias enauseantes.
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